09/09/2009

O facilitismo da Educação em Portugal

Nem de propósito, recebi o e-mail descrito mais abaixo.

Hoje, no fórum da TSF, o tema foi sobre a Educação (ver aqui).

Muito foi dito, desde o facilitismo nas passagens de ano (com 7 e 8 negativas), às questões programáticas face à carga horária.

Mas aquilo que mais me marcou foi um ouvinte que diz ter frequentado as Novas Oportunidades.

Segundo esse ouvinte, os conteúdos para a obtenção do certificado de 12º ano passavam por saber ligar/desligar um televisor, utilização de telemóveis, e similares.

No dia em que, munido de um certificado do 12º ano, tentou ingressar na formação para técnico de centro de Inspecção Periódica Obrigatória, foi informado que não aceitavam o seu ingresso por não ter o 12º ano e que o certificado, que lhe deram nas Novas Oportunidades, só servia para pendurar na parede. Seria necessário concluir Matemática e Física.

Este é o facilitismo da ilusão, da propaganda, das estatísticas. Nada foi resolvido.
O pior estará para vir, quando os actuais alunos chegarem à Universidades (ou mercado de trabalho) sem a preparação adequada.

Muito foi «criado» (leia-se, falsamente) pelo actual governo socialista de Sócrates.

O Plano Tecnológico não é novo (quando muito o nome será novo). Já existia em 2003, quando a concessão das frequências de UMTS aos operadores de telecomunicações os obrigava a contribuir para o desenvolvimento da sociedade de informação (ver aqui).

O mesmo se passa com as ditas «Novas Oportunidades». Não é novo. De novo, aqui, apenas o nome e o facilitismo.

Recordo-me de, há cerca de 10 anos (não me recordo das datas), ter conhecido uma senhora que voltou a estudar, e não foi necessário nenhum sistema de «Novas Oportunidades». Sempre foi possível voltar a estudar, não foram as «Novas Oportunidades» que o permitiram. A dita senhora era funcionária de limpeza. Decidiu voltar a estudar. Frequentou aulas nocturnas para adultos num liceu. Penso que chegou a concluir o 11º ano. A última vez que tive notícias dessa senhora (em 2003), era recepcionista.

Voltar aos estudos já era possível. As «Novas Oportunidades» não trouxeram isso. Criaram meramente um facilitismo que apenas convence as estatísticas, mas não convence o mercado de trabalho.

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