01/10/2016

50.000€ de Estupidez Sigilosa

«Quand le sage désigne la lune, l'idiot regarde le doigt.»

Um "facepalm" para cada membro da geringonça
(ainda que o PCP seja o mais razoável dos três)
E idiotas é coisa que não falta na política, em particular na "geringonça".

O que mais se discute em torno da legislação sobre o sigilo bancário de saldos acima de 50.000€ é a privacidade. Ou seja, discute-se o "dedo". Como se trata de idiotas a discutir o "dedo", e por isso não conseguem ver o impacto da asneira para além da camada superficial, apresentam em tom de argumento a desculpa idiota do «quem não deve não teme».

A questão da privacidade é importante, e é uma situação que pode ser considerada grave, caso este direito seja menosprezado. No entanto, a perda de privacidade é irrelevante perante a gravidade de todos dos impactos adicionais.

Chegam ao cúmulo de dizer que o Presidente da República fez «um "veto político" de um diploma sem problemas jurídicos nem constitucionais», quando o parecer da CNPD é mais que claro sobre a violação da privacidade que o diploma representa.
Dizem ser «incompreensível», o que apenas revela a idiotice de quem não compreende, mas não revela rigorosamente nada sobre a qualidade do que não compreenderam.

Como esta gente é parca de raciocínio, não consegue vislumbrar para além do "dedo". São incapazes de executar exercícios mentais complexos que possam detectar impactos gravíssimos na economia, e no princípio da presunção de inocência.

Comecemos pela presunção de inocência.

Segundo este princípio, uma pessoa é inocente até prova em contrário.
O que esta medida propõe é como que uma inversão deste princípio (culpada até prova em contrário), já que o resultado prático é dizer que:
Pessoas com mais de 50.000€ (ou qualquer que venha a ser o valor) são suspeitas de corrupção, de fuga ao fisco, de tudo e mais alguma coisa, e quiçá até de cuspir na sopa, até prova em contrário.

Isto é simplesmente idiota.

Havendo suspeitas, já existem todos os mecanismos legais para ter acesso a toda a informação necessária para que se proceda a uma investigação e ao apuramento de factos ilícitos.
Esta medida constitui nada mais que devassa da privacidade. Não tem valor prático algum, tal como o parecer da CNPD refere.

Mas ainda mais graves são os impactos económicos da medida. Estes são ainda menos ao alcance da mentalidade tacanha da geringonça que nos governa.

Passemos então ao impacto económico.

Desde 2007 que a banca tem tido problemas: BPP, BPN, BES, Banif.
Neste momento a CGD, BCP e Montepio atravessam um período sensível para cumprir com os critérios de estabilidade financeira.
Ora, segundo os idiotas que apenas conseguem ver o "dedo", esta medida é perfeitamente pacífica sem qualquer impacto económico na viabilidade financeira da banca nacional.

Portanto, segundo os "geringonços":
— nenhum depositante vai levantar dinheiro até ficar com saldo combinado inferior a 50.000€
— nenhum banco vai ficar com dificuldade em cumprir os critérios depois dos levantamentos
— nenhum banco vai falir em consequência disso
— nenhum contribuinte vai ser chamado a pagar as consequências da geringonça desengonçada

A incompetência é assim, não permite ver o efeito bola-de-neve que estas palhaçadas podem provocar.

O que não é claro é qual o verdadeiro propósito (menos lícito, ou nada ético), que se encerra nesta medida.
Será:
— identificar um universo de vítimas para futuros aumentos de impostos?
— identificar uma base para definir um imposto sobre património mobiliário?
— identificar alvos políticos?
— outros?
— uma combinação destes?

22/09/2016

Largar um peido e sair merda

Política de penico
É o que este (des)governo está a fazer.
Quando se aperceber, já vai tarde.

As medidas dos 50.000€ para as contas bancárias, a taxa de vistas e exposição solar, e agora a do património acima dos 500.000€ (ou um milhão de Euros, ou qualquer que seja o limite), vão ser responsáveis por mais malefícios que benefícios.

Estas medidas a avulso não causam muitos problemas. Mas em sucessão demonstram um caminho claro que está a ser trilhado: ataque ao capital.

O Peido:
Não estão em causa os montantes dos limites, nem dos impostos, esses são secundários. É o “peido” que antecede a “merda”.

A Merda:
O problema grave aqui é a política. Ou seja, o que o conjunto das medidas provoca, as tais consequências que o (des)governo não está a considerar. A mensagem que está a ser passada para os investidores. Em resumo, a “merda” que vem após o que o (des)governo pensa ser um “peido”.

Não é muito difícil compreender que o capital não vai ficar cá para ver.
Os investidores não gostam de incertezas. Apenas correm riscos se as mais-valias forem mais atractivas que outras alternativas de investimento de menor risco.
Este tipo de políticas não só afastam potenciais investidores, como podem mesmo afastar actuais investidores.

Como tal, o resultado é um crescimento ainda mais miserável do que o (des)governo “decretou”, e também mais miserável que as previsões de fontes mais credíveis.
Ou seja, se o potencial de todo o plano orçamental falhar já era grande, enorme, agora ainda piorou mais.
Sem capital não há investimento, sem investimento não há crescimento, sem crescimento não há receita, sem receita o défice aumenta.

Mas os riscos não ficam por aqui.

A medida de taxar o património vai ter uma receita bem inferior à esperada. Tenho a certeza que os proprietários do património alvo deste ataque já se estão a mexer para distribuir o património de modo a não ficar enquadrado nesta medida.

A medida que obriga à comunicação de contas com saldo superior a 50.000€, parecendo inócua, pode ter um potencial de destruição da economia bem maior:

— Capacidade dos bancos em cumprir com os critérios de solidez dos testes de stress.

Ou seja, a medida dos 50.000€ tem o potencial de provocar a derrocada de mais bancos.
Se tal acontecer, vamos assistir a uma repetição de soluções anteriores com custos para os contribuintes. A alternativa será uma solução semelhante à solução avançada para o Chipre, que passa por usar o capital dos depositantes. Esta última, sobrando poucos depósitos com valores superiores a 50.000€, não parece viável.

Centeno diz estar a fazer os possíveis para evitar novo resgate.
O (des)governo faz precisamente o oposto.
Diz uma coisa, faz outra.
O normal, portanto.

Lá virá a Trokia para limpar a “merda” de mais um “peido” socialista.

04/06/2016

O Elefante na Sala de Aula

Está um elefante na sala de aula, e ninguém parece reparar. Ou melhor, não dá jeito. É preferível ignorar e esperar que mais ninguém repare. Como se um elefante fosse um animal sobejamente conhecido por passar despercebido.

Na guerra às escolas privadas, mais um golpe foi desferido. Desta feita o ataque foi perpetrado por via dos Contratos de Associação.
Para os mais distraídos, houve um golpe anterior a esse. A eliminação dos exames nacionais.

Antes de continuar, convém deixar bem claro do que se está aqui a falar. Um Contrato de Associação permite que uma instituição privada preste um serviço público. Ou seja, em lugar de os alunos serem colocados pelo Estado numa escola pública, são colocados, também pelo Estado, numa escola privada que presta o serviço público que o Estado não está em condições de prestar de forma adequada.
Contratos de associação. O que são e porque dão tanta polémica?

Comecemos então pelo início.

Fizeram asneira atrás de asneira no ensino em Portugal. Não é novidade.
No entanto, as políticas que mais gravosamente contribuíram para o descalabro da qualidade do ensino em Portugal ocorreram durante os governos de Sócrates. A política de facilitar o sucesso escolar, embora produza resultados brilhantes em termos estatísticos, em termos de aquisição de conhecimentos e competências só promove o desleixo.
O correcto deveria ter sido aumentar o nível de exigência, e promover políticas de educação que permitissem aos alunos cumprir facilmente com critérios de maior rigor e exigência. Mas isso é política séria. E para políticas sérias seriam necessários políticos sérios.

Assim, é natural que os alunos de hoje tenham menos conhecimentos e menos competências que os alunos de outrora com médias de avaliação equivalentes. Actualmente, por exemplo, os jovens escrevem pior... mesmo com a ajuda de correctores ortográficos que não existiam no tempo dos seus progenitores.

Abre-se aqui um parêntesis para relembrar mais uma política de facilitar: Acordo Ortográfico.
Escreve-se como se fala... Enfim. Sem comentários. Só mesmo para idiotas. Completos idiotas.

A redução do nível de exigência produziu um efeito negativo adicional. A formação privada, com critérios de exigência mais elevados, e com práticas educativas adequadas ao nível de exigência, consegue produzir melhores resultados que a escola pública.
Isto significa que, quando comparados por via de critérios idênticos, os alunos das escolas privadas saem normalmente melhor classificados que os alunos das escolas públicas.

Os políticos de fachada, que destruíram o sistema educativo, ficaram com um problema em mãos.
Como evitar que os eleitores percebam que a escola pública vai de mal a pior?

É simples: basta evitar que os alunos sejam avaliados por critérios idênticos.

E assim, nasceu o ataque aos exames nacionais.
Tudo o que possa ser usado como meio de comparação cabal entre ensino público e privado tem de desaparecer.

Agora é o ataque por via dos Contratos de Associação.

E o elefante está na sala.

Curiosamente, o ponto mais importante — o elefante — é omitido por todos.
O assunto que efectivamente é relevante — aliás, o único que deveria estar em cima da mesa — é simplesmente ignorado.

Fala-se do que é irrelevante. Mas não se fala do que é relevante.

Irrelevante...

Custo. Discute-se a diferença do custo. Se o custo de formar um aluno é superior numa escola pública, ou numa escola privada via Contrato de Associação. Há quem afirme — com contas feitas — que o custo de formar um aluno numa escola pública é superior ao de o formar numa escola privada. Ou seja, que sai mais barato aos contribuintes colocar os alunos em escolas privadas por via dos Contratos de Associação.
Mas, como este é um dos pontos irrelevantes que anda a ser discutido, vamos aqui assumir que sai mais caro aos contribuintes formar alunos em escolas privadas por via dos contratos de associação. Ou seja, não importa que seja mais caro, porque a parte relevante mantém-se pertinente.

Relevante...

Qualidade. O que é relevante, e que ninguém se atreve a discutir, é que a escola privada é melhor que a pública. Nem há qualquer dúvida. Poderíamos olhar para uns quantos estudos sobre o assunto, mas não é necessário. Tanto de um lado como do outro, parece óbvio que todos reconhecem que a formação privada é melhor que a pública. Vejamos.
De um lado, estão a lutar para manter os filhos nas escolas privadas, sinal claro de que acreditam que a escola privada cumpre melhor que a escola pública.
Do outro lado, acusam os outros de quererem ter os filhos com educação privilegiada às custas dos contribuintes, o que é uma admissão velada de que a escola privada cumpre melhor que a pública.

Resumindo os factos:

  • Relevante:
    A escola privada forma melhor que a escola pública.
  • Irrelevante:
    Os custos com os Contratos de Associação podem ser superiores (ou não).


O elefante...

Chegámos assim ao elefante sobre o qual ninguém fala.

Ora, em termos de criação de um futuro melhor, o objectivo de um Governo, de uma Política, de um Estado, até de uma Ideologia, não deveria ser a excelência da educação?

Não se deveria almejar uma melhor qualidade da formação e, consequentemente, formar jovens com mais e melhores conhecimentos, maior e melhor competência, e assim mais aptos para contribuir no progresso do país?

Porque raio, então, é que estão mais preocupados com ideologias bacocas, com diferenças de custos tão irrisórias que ninguém sabe para que lado pendem, com a manutenção do corporativismo sindical, e outras tantas ideias próprias de acéfalos, quando deveriam era estar exclusivamente preocupados em garantir a melhoria contínua da excelência educativa?

Portanto, prejudica-se ainda mais os pobres.
Os que podem pagar por formação privada, ficam melhor preparados.
Os que não podem... já estão habituados. Não é verdade?

Ricos com melhores oportunidades.
Pobres... como sempre.

Ou seja, admitindo que efectivamente as contas do Tribunal de Contas estão correctas (que entraram em linha de conta com todos os custos), por uns meros 107€ por aluno (ver link colocado acima), retira-se aos alunos de menores posses a possibilidade de receber uma formação mais adequada.
Parabéns!

Bela porcaria que têm andado a fazer com a educação.
Bela porcaria que continuam a fazer.
Bela porcaria que vão continuar a fazer.

Trabalhem, seus políticos acéfalos de treta!

Esforcem-se para melhorar a escola pública!
Mostrem que efectivamente o estão a fazer: realizem exames nacionais!

Não tenham vergonha de serem avaliados politicamente.
Acabem com a política das estatísticas.
Implementem política de exigência e de excelência.

Trabalhem, suas sanguessugas do Estado!
No que vocês e os resultados da vossa incompetência custam aos contribuintes, é que não encontram maneira de poupar.
Cambada de folgados.

Ide trabalhar!

Actualização a 4/6/2016:
Os exames nacionais acabaram, mas os privados querem continuar a fazê-los
Se dúvidas havia sobre a razão pela qual o ensino privado é melhor que o público, o artigo acima deixa uma dica. No privado procura-se a excelência, no público promove-se a ignorância. Quanto mais ignorantes forem os futuros eleitores, mais hipóteses têm os políticos de treta de vencer as eleições.